quinta-feira, 6 de junho de 2019

Segunda visita ao Museu Municipal de Caxias do Sul.


Segunda visita ao Museu Municipal de Caxias do Sul.



Dia ensolarado, os estudantes do 9º ano estavam eufóricos com seus moletons novos, recebidos pouco antes de pegarem a van para a visita de estudos ao museu.
Fotos na entrada, chegamos antes das 9 horas. Bem recebidos, ouvimos as orientações, tom de voz baixo, cuidar com o piso de madeira que balança, não tocar nos objetos, fotos sem flash.
O tema da aula é fontes históricas, já tínhamos trabalhado em aula, porém não respondiam as perguntas iniciais. Enfim ao nos depararmos com as fontes históricas, com esses vestígios que nos ajudam a construir um novo conhecimento, temos que questioná-la: o que é, pra que serve, sua origem etc.. O caderno de aula é uma fonte histórica, de sua análise podemos conhecer várias características do seu dono!
Dois guias professores Alessandra e Artur, chegaram e dividimos a turma. 

Fiquei com a Alessandra. Subimos uma escadaria de madeira e fomos convidados a sentar em frente a expositores de vidro com peças de pedra e argila. Quem eram os primeiro habitantes dessa região? Por que não se tem história do encontro deles com os imigrantes? Os povos nativos chegaram há dois mil anos atrás, mas antes dos imigrantes chegarem já tinham sido expulsos pela monarquia.
 
 Colar de sementes






 Povo considerado inferior, ocupava uma região estratégia, que precisava ser ocupada e defendida de invasões, dentro da ideologia de branqueamento do povo brasileiro, que na época ainda era escravagista.
Nessa relação de dominação perdeu-se a memória do povo nativo, pois a fonte oral que mantêm viva suas tradições foi excluída através da sua expulsão ou extermínio. Os vestígios desses nativos são os instrumentos encontrados na região. Grupo Jê do Sul, tradição taquara dá o título ao expositor com pontas de pedra, mão de pilão, adornos, bolas de boleadeiras, lâminas de machado e em outro expositor, fragmentos de cerâmicas. Do grupo tupiguarani havia fragmentos de cerâmica de urnas funerárias e um colar feito de sementes unidos com embira. 

 Do Porto de Gênova para o Brasil




Ao lado dessa exposição já nos deparamos com a imigração representada nas malas de madeira com inscrições do proprietário da mala e do seu destino, observamos de perto a inscrição Ludovico Sartori, via Rio de Janeiro. A seguir o quadro medieval representando o país da Cocagna, que iludiu muita gente na busca de uma terra farta. 
 

 Quadro representando a Cocagna
tela de Jorge Leitão

Outra fonte histórica, o quadro de Jorge Leitão, de 1955. Qual foi a intenção do artista? Num primeiro momento parece que está tudo certinho. Mas sob o ponto de vista crítico de agora, vemos que ele mostra uma realidade idealizada, com apenas uma mulher, em serviço doméstico e muitos homens trabalhando. Onde estão as crianças trabalhadoras? O quadro foi pintado em 1955, período em que o trabalho infantil estava sendo questionado em prol da valorização do ensino. Mas sabe-se que a mulher trabalhava tanto quanto o homem, além do serviço doméstico, bem como as crianças, por isso tinham muitos filhos para por todos na roça.
Vimos muitas ferramentas, a guia esclarece que o governo disponibilizava as ferramentas, ração e sementes para as famílias de imigrantes desde 1875, quando iniciou a imigração dos italianos. Questionamos o fato dos escravos terem sido libertos e abandonados, a abolição aconteceu nessa época, em 1888, porém os libertos não receberam terras, nem ração, sementes ou ferramentas para iniciarem uma nova vida de liberdade, como aconteceu com os imigrantes alemães e italianos.


 Pilão para fazer a farinha
Outros espaços formam se mostrando, máquinas curiosas feitas de madeira, mão de pilão para moer os grãos e fazer farinha, que dificuldade, mais adiante uma máquina movida a água para fazer farinha, grande avanço! A vida dos primeiros imigrantes foi muito sofrida, mas com o aumento da produção conseguiram vender o excedente e diversificar a economia. As videiras vieram mais tarde, bem como a fabricação do vinho, que foi crescendo aos poucos em parceria com a técnica da tanoaria dos descendentes de portugueses.
Uma geladeira antiga, antes da energia elétrica nos mostra a importância da estrada de ferro que começou a funcionar a partir de 1910. As famílias de posse podiam comprar o gelo de Porto Alegre, trazido de trem, blocos de gelo envoltos em serragem para conservar os alimentos. A energia elétrica só chega por volta de 1913.
Máquina mais moderna para fazer farinha
 A tanoaria era tradição portuguesa

 A geladeira antes da energia elétrica
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A seguir vimos espaços de profissões, marceneiro com muitas ferramentas para trabalhar a madeira, sapateiro na confecção de calçados de couro e madeira.
O comércio de secos e molhados despertou a curiosidade dos estudantes com a diversificação de produtos vendidos. 
 Secos e molhados, comércio




O que mais chamou a atenção foi a profissão do dentista do passado, não tinha estudo para isso, nem diploma, para mostrar a sua competência o prático, dentista, exibia um frasco com muitos dentes arrancados, pois nessa época era usual arrancar dentes que doíam. 

Metalúrgica Abramo Eberle
 
 Réplica

A história da empresa Abramo Eberle, falida, é destaca numa sala com uma grande pintura de Jorge Leitão, também dos anos 50. Por muito tempo escondeu-se o fato dessa empresa ter iniciado com a mãe de Abramo Eberle, Luigia Eberle era funileira, fabricava lampiões e lamparinas, ensinou o ofício ao filho que ampliou o negócio, tornando-o muito próspero, a ponto de ter sido uma das maiores metalúrgicas da América Latina. Não encontramos nenhuma referência à Luigia Eberle nesse espaço, a guia lembrou da posição subalterna da mulher, num mundo em que os homens comandavam. Bem mais tarde Gigia Bandera, como conhecida foi reconhecida pelo empreendedorismo e pioneira na industria da região. 

Tarquínio Zambelli

Outro destaque foi a obra do escultor italiano Tarquinio Zambelli representando a recém República do Brasil entregando louros aos imigrantes que chegavam nessa terra, representado por uma criança, com o leão,símbolo da cidade.


 Santa Terezinha com olhos de vidros vindos da Europa


Um espaço grande é dedicado a arte sacra, com destaque para o escultor Tarquínio Zambelli e seus filhos. Uma grande imagem de Santa Terezinha tem os olhos de vidro, importados da Europa, obra de Michelangelo Zambelli.

O espaço de lazer mostra brinquedos,  gramofones, instrumentos musicais, harmônio, máquina fotográfica, tvs e rádios. A relação de lazer entre as pessoas mudou muito, naquela época era mais coletivo, as pessoas se reuniam para ouvir rádio novela e para assistir  tv.



E a aula chega ao fim. Reforçamos o que é fontes históricas sob um novo olhar, conhecendo um pouco sobre as origens de nossa cidade. Agradeço ao empenho de todo o pessoal do museu.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Museu Municipal de Caxias do Sul

O Museu Municipal de Caxias do Sul está localizado na área central da cidade de Caxias do Sul, na rua Visconde de Pelotas, 586. O acervo permanente é constituído de mais de 11 mil peças,  como malas, maquinário ferramentas, objetos usados pelos imigrantes italianos nas suas casas e oficinas, envolvendo móveis, roupas, espaços caracterizados das principais profissões da época e objetos sacros. O acervo é um patrimônio de nossa cidade, ilustrando o período da imigração italiana na nossa região que iniciou em 1875.





O prédio em si é um patrimônio arquitetônico, construído por volta de 1880, residência da família Otolini. Foi tombado pela prefeitura em 28 de novembro de 2001. Intendência Municipal a partir de 1919, sendo a sede administrativa e sede das secretarias municipais até 1974 . O local tornou-se pequeno para suportar a administração crescente, então foi transferido para a sede atual, onde ocorria a Festa da Uva. Em 1998 o prédio passou por reformas que o tornaram mais amplo, acessível e seguro, com reformas da rede elétrica, hidráulica, sanitária, na parte de madeira e telhado.
 Como era o cotidiano dos primeiros habitantes da cidade?
O museu oferece aula para estudantes, material para empréstimo, como a caixas de memória e visitação.

Na visitação iniciamos com a sala de exposições itinerantes. Nessa sala sempre há novidades, pois o nome itinerante já diz tudo.

No dia 02 de maio de 2019, quando acompanhei alunos do 6º ano da Escola Municipal Armindo Turra, podemos ver a exposição " O Brinquedo na Memória da Infância", do Festival de Arte e Cultura para a Infância. 






















 
O Festival Téti de Arte e Cultura para a Infância é um evento que esse ano completou a segunda edição, iniciativa da produtora cultural Caliandra Paniz Troian. As crianças e pais, participam gratuitamente, em vários pontos da cidade  em atividades que envolvem teatro, música, oficinas, cinema e valorização da memória.

Essa exposição ficará no museu até o dia 05 de maio de 2019.

Roma