sábado, 17 de agosto de 2013

Sitio Santa Terezinha - Ibiúna - SP

Sítio Santa Terezinha, localizado em Ibiúna SP.

Sempre que vou visitar meu filho nesta cidade, gosto de entrar em contato com as pessoas da redondeza, conhecer sua cultura, como vivem e a mata nativa. Em Ibiúna há resquícios da Mata Atlântica, sempre tive  curiosidade de conhecer as árvores nativas desse bioma. Dona Santina me convidou para conhecer um sítio ali perto, "com muitas árvores diferentes, vindas de várias partes do mundo". Fiquei encantada em poder conhecer as árvores exóticas do sítio Santa Terezinha e aceitei logo o convite!


Dona Santina contou que os avós maternos de seu genro vieram da antiga Iugoslávia, da Servia e da Bósnia, que a mãe de Yuri, nascida no  Brasil, casou com um descendente de italiano. Ao comprar esse sítio, seu avô trouxe mudas de vários lugares do mundo: da Oceania, Europa e América Central.  O sítio Santa Terezinha tem muita história para contar. 
O sítio está nas mãos de seu genro Yuri, casado com sua filha Jaqueline. Yuri tem grande consciência ecológica, conhecedor da mata,  muito solícito nos guiou falando de cada árvore do sítio.

Seguimos até lá a pé, atravessamos a estrada principal, sem acostamento, cuidando com os carros que passavam de vez em quando. Os ibiunenses reclamam que a estrada principal é muito esburacada, porém pela lei estadual o município recebe mais verbas por ser considerada uma estância turística! (http://viagensexpedicoes.blogspot.com.br/2012/07/ibiuna.html)

Paineira

Chegando lá Yuri apresentou o sítio.Cada árvore tinha uma característica e uma história especial. Enormes paineiras soltando sementes e paina pelo chão marcavam a entrada da propriedade.  

Com a máquina fotográfica em mãos captei o Guapuruvu, árvore nativa, decídua,  de crescimento rápido, seu tronco reto  cinzento pode atingir até 30 metros de altura. Sua madeira é leve e pouco resistente, suas sementes são usadas no artesanato para fazer colares.  
Guapuruvu

Depois vimos a exótica araucária bidwillii, originária da Austrália, da família das araucariaceae. Também produz o pinhão, menor mas que pode ser consumido natural, sem cozinhar ou assar. Após o sexto ano já dá os frutos. 

A exótica araucária bidwillii - pinheiro Bunia 


O pau-jacaré, espécie nativa da Mata Atlântica. Uma característica marcante é o seu tronco parecido com a pele do jacaré. Sua flor é hermafrodita. Árvore de crescimento rápido por isso é uma das mais usadas para repovoar áreas desmatadas.
 Pau Jacaré
Pau Jacaré - detalhe do tronco


A nativa pixirica, da família das  Melastomatacias tem folhas grandes. Espécie diferente das pixiricas do sul.
 Pixirica



Uma  das árvores exóticas mais interessantes é a melaleuca, árvore própria do brejo, com várias camadas de casca, tornando-a muito fofa,  Yuri contou que seu tio artista montava quadros com recortes das cascas.

Inscrição: 1ª Árvore plantada pela família Stape na Chácara da vovó. Melaleuca Leucadendron 09-09-1984



Essa árvore é originária da Austrália. Ela produz um óleo antibacteriano e antifúngico.

Detalhe do tronco da melaleuca: várias camadas envolvendo o tronco, que é muito macio. Também chamada de Sete Capotes.

Meninos convidados a dar soco na árvore para sentir sua maciez.


Depois vimos a oriental ginkgo biloba, a nogueira do Japão, árvore caduca (perde as folhas no inverno), tão importante na medicina, como o combate ao câncer. Tem as folhas parecidas com trevo em formato de leque. Descobri que  foi a primeira planta que brotou em Hiroshima após a  bomba atômica de 1945, por isso é símbolo de paz e longevidade. Ela diminui as alterações no DNA provocada por radiações.(não achei a foto)

A árvore nativa farinha seca, também chamada de frango assado,  solta uma farinha ao  pressionarmos seu caule. 

Farinha Seca


Essa árvore tem crescimento rápido, sua madeira é leve, usada para repovoar áreas degradadas.


Café, rico em cafeína

 Cafeeiro. O café veio da África, da Etiópia.  Yuri contou a lenda de um pastor que observou que suas ovelhas ficavam com mais energia ao comer os frutinhos vermelhos dessa planta, e foi ai que começaram a utilizar a infusão dos frutos como estimulante. Para nós do sul um pé de café não é comum.   Provamos os frutos vermelhos, a semente é de fácil reprodução, é só plantar que nasce. 

Yuri nos mostrou uma araucariácea, mas não araucária, a árvore de natal americana, aquela que é usada na decoração natalina, com as bolinhas vermelhas.


Explicou que existem 41 espécies da Família Araucariaceas, distribuídas em três gêneros. O gênero Araucaria é subdividido em 19 espécies encontradas no hemisfério sul. Somente duas espécies são nativas da América do Sul : a Araucária-do-Chile e o Pinheiro Brasileiro, angustifolia.

Pau-ferro, outra nativa com tronco claro malhado, árvore de grande porte, usada em praças e parques, é muito conhecido na medicina popular para diabetes e anemia.

Pau-ferro 

  Mata-olho, árvore nativa, decídua, com folhas longas e espinhentas, seu látex pode produzir borracha, mas por irritar os olhos é assim chamada.
Mata-olho

Folhas com espinho da mata-olho


Araribá é outra nativa. Yuri contou que seus frutos quando caem parecem pequenas hélices girando no ar, alegria das brincadeiras das crianças.


Araribá
Sua madeira é pesada, de qualidade,  usada por marceneiros, ideal para o fabrico de canoas. Há várias espécies de Araribá. É de rápido crescimento, por isso também é indicada para repovoar áreas desmatadas.


O pau-rei é uma  nativa de grande porte, por isso seu nome. Possui folhas largas, com tronco liso e claro e de crescimento rápido, também usada em paisagismo urbano.



Pau-rei


O pau d’alho tem suas folhas cheirando a alho. Essa árvore possui glândulas produtoras de  aroma semelhante ao do alho. Árvore robusta, gosta de terra boa.


Pau-d'alho, ou pau-de-mau-cheiro

A próxima árvore  que chamou a atenção foi a escova de garrafa, nome oriundo da sua semelhança com esse objeto,  exótica, da Austrália. Usada como árvore ornamental de grande beleza.
Escova de garrafa

 Da Costa Rica veio a árvore  goiaba cás da Costa Rica, da familia das mirtáceas,  ela produz um fruto  de coloração verde claro, semelhante ao nosso araçá. 



Exótica da Costa Rica



 Jequitiba, árvore nativa da região sudeste do Brasil. Em tupi significa gigante da floresta,  por ser muito alta. Essa deve ter uns 25 anos, considerada uma das árvores mais altas do Brasil. Folhas em tons avermelhados. Já foram encontrados jequitibá com 60 metros de altura.
Jequitibá

Detalhe do tronco do Jequitibá
outro jequitibá


Pau-brasil - árvore que deu origem ao nome do nosso país. Quando o Brasil foi descoberto essa árvore foi muito explorada pelos portugueses para extração do corante vermelho, além de fabricação de móveis. Essa exploração predatória diminuiu drasticamente essas espécies.
 pau-brasil


É crime o corte do pau-brasil. Essa árvore tem até dia festivo, é o dia 03 de maio,.dia Nacional do Pau-brasil.

Vimos um carvalho da Iugoslávia. Seu avó trouxe as sementes de lá. Há muitas espécies de carvalho, tanto de folhas perenes como caducas, sua origem é da América do Norte. O carvalho é milenar, cultuado pelos celtas, é simbolo de resistência, pois que se fortalece a cada intempérie, a cada dificuldade oferecida pela natureza ele se fortalece seu tronco e raízes  Estas  crescem buscando mais apoio no solo, tornando impossível sua destruição numa tempestade. A madeira dessa árvore foi muito usada na construção naval e na tanoaria, principalmente por melhorar o aroma e a cor do vinho.

Cambuci, nativa, da família  das mirtáceas, ameaçada de extinção. É popular por ser aromatizante da cachaça, rica em vitamina C. Alimento para fauna, principalmente aves como tucanos. Seu fruto é usado para fazer sucos e doces. Considerada árvore símbolo da cidade de São Paulo, tem um bairro com seu nome. Em São Paulo há festas gastronômicas da fruta do cambuci, está havendo uma tentativa de resgatar essa árvore. Árvore de clima sub-tropical, aguenta o frio.
Yuri contou que sua florescência é em formato de disco voador, divertindo as crianças.

não sei se a foto está certa


A vedete da chácara é uma palmeira imperial, neta da palmeira imperial do Jardim Botânico. 
palmeira imperial


Essa palmeira é originária das Antilhas. A Roystonea oleracea foi plantada no Jardim Botânico do RJ por Dom João VI em 1809, quando da vinda da família real para o Brasil, a partir dai foi chamada palmeira-imperial.  





São chamadas de palmeira-imperial todas as que descendem daquela de 1809, que foi  destruída por um raio em 1972. 

Sapucaia, nativa em extinção, tem pequena produção de sementes, suas castanhas são muito apreciadas pelos macacos. As árvores adultas embelezam na primavera, com suas copas enfeitadas de flor lilás. Perde as folhas no inverno, por isso é considerada caduca, decídua. É mais comum no nordeste.

 sapucaia

Cambucá- Ameaçada de extinção. Crescimento lento, tronco curto.  É uma mirtácea que produz um frutinho redondo e amarelo  comestível,  considerado um dos mais saborosos do Brasil, lembrando a jabuticaba. 
É uma árvore  considerada de pequeno porte, nativa, . É parente da jabuticaba, e como ela tem crescimento lento, por isso não é muito conhecida.
Cambucá

O carvalho canadense, originário da América do Norte é uma árvore muito adaptável, de crescimento rápido e de madeira de boa qualidade.
carvalho canadense


chichá é uma das maiores árvores da mata atlântica, também chamada de amendoim de macaco, é uma árvore nativa, de crescimento rápido, por isso o caule é pouco resistente, suas sementes são alimentos para a fauna. Tem madeira leve e mole. Seus frutos secos ficam vermelhos  com sementes negras no interior, as cápsulas vermelhas são usados na confecção de utensílios domésticos.
Chichá



Umbuzeiro  
Árvore nativa de pequeno porte, originária do Nordeste, devido a sua copa larga oferece sombra, seu nome tem origem no tupi guarani, “árvore que dá de beber”. Sua raiz conserva água e produz uma batata comestível. O umbuzeiro vive muito tempo, em torno de 100 anos, por isso é considerado um símbolo de resistência.

Pilão esculpido pelo Seu Bento, de uma árvore de copaíba  caída numa mata próxima

Outras árvores indicadas por Yuri:
 Pau-formiga uma árvore majestosa quando floresce, que abriga formigas no seu tronco oco, evitando outros pedradores.
Pau-cigarra, árvore muito usada nas ruas devido a sua floração amarela.
Ipê-tabaco, uma espécie de ipê amarelo. etc... 

Yuri,  mostrou-se um entusiasta da preservação da flora. Produz muitas mudas, principalmente de frutíferas. Mostrou muitas araucárias reflorestadas por ele.
  Sua estufa produz mudas que depois são plantadas na própria propriedade. 

mudas de café com palmeira real


Mostrou-nos várias araucárias repovoadas em diversos locais do sítio. Nessa região pode dar geada também, por ser uma região de serra e as araucárias se dão bem com o clima. 

Yuri planta palmeira real  junto com mudas de café. 
 Contou-nos que a mata atlântica está muito descaracterizada nessa região, há poucas árvores, o que se vê é uma mata secundária mista com árvores exóticas como o pinus ilhote e o eucalipto, de valor comercial, mas não nativas.
Essa região devastou suas matas nativas. A mata atlântica possui uma variedade enorme de espécies, essa riqueza toda foi devastada antes de ser estudada.

Contou que sua ligação sentimental com a propriedade é grande pois cresceu por entre essas árvores. Diz que hoje está tudo no abandono, tudo por fazer, mas as árvores estão ali, crescendo, crescendo. Seu sonho é produzir comercialmente frutas nativas, sonho que vai se realizar a longo prazo, aí  o sítio Santa Terezinha vai se chamar Sítio Vida Verde!
Muito obrigada a Dona Santina e ao Yuri que proporcionaram todas essas descobertas!

Obs: Completei muitas informações nos sites da Wikipédia

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Moinho da Cascata


Moinho da Cascata - Caxias do Sul - RS

Seguindo a Rua Luiz Covolan, no bairro Santa Catarina, nos deparamos com um prédio histórico, O Moinho da Cascata, prédio construído em 1905 por Aristides Germani, imigrante italiano.

Durante muito tempo ali funcionou um moinho de trigo, fábrica de massas e usina hidro-elétrica para geração de energia, com turbina, o gerador de energia, a as tubulação de entrada da água e saída do ar.



Aristides Germani chegou em 1885 da Itália, onde já era moageiro. Em 1891 comprou a área para instalar um moinho a cilindro, o “Moinho Ítalo-Brasileiro”.




Homem de visão, Germani adquiriu uma turbina hidrelétrica com força motriz própria, capaz de fornecer energia elétrica para outras empresas da cidade.








 O Moinho da Cascata, em estilo neoclássico constitui-se de três andares, construídos com tijolo a vista, sendo o porão em pedra, tradição na região.

O que encanta é a natureza ao redor, mata nativa e a cascata com 36 metros de queda do Arroio Tega.

 No passado o rio Marques do Herval, estava despoluído e era um local de lazer e banhos, popularmente chamado de Arroio Tega.


 O moinho funcionou ali até 1928, pois Germani construiu outro junto à estação férrea no bairro São Pelegrino, hoje Moinho da Estação, também tombado como patrimônio público.

O Moinho da Cascata pertence ao grupo Tondo desde 1997.

Site do moinho:

Roma